Arquivo para fevereiro \18\+00:00 2010

Mika

A dança desengonçada, os falsetes que aparecem na hora certa, as melodias atípicas construídas ao piano e sobretudo a incrível técnica vocal (muitas vezes comparada a Freddie Mercury) podem te pegar de jeito e chamar a atenção logo na primeira vista. Mas o cantor – que cresceu entre Paris e Londres – ainda esconde o seu maior triunfo: a musicalidade.

Nascido em Beirute, capital do Líbano, filho de um famoso banqueiro americano e uma designer de moda libanesa, sua primeira incursão na música foi aos onze anos em um coral, apresentando uma opera de Strauss. Nessa época morava em Paris. Daí em diante não parou mais. Mesmo morando em dois grandes centros europeus, um pai americano e uma irmã que mora em Xangai, Mika sempre teve contato direto com a música vinda do oriente médio – isso o influenciou profundamente. Não que ele seja uma caricatura da música libanesa e use soluções harmônicas corriqueiras utilizando as microtonalidades para dar aquele clima “árabe” em sua música essencialmente pop, mas seu triunfo está em conseguir fazer músicas simples e acessíveis – o elemento certo para uma música popular.

Sempre excêntrico e elétrico no palco, seu ritmo dançante contagia o público quando aplica sua principal característica vocal: tons mais altos e agudos (sua extensão vocal atingi cinco oitavas). Em 2007, aos 23 anos, lançou Life is a Cartoon Motion, recebido com euforia pelos fãs e pela crítica especializada. O primeiro disco, com uma grande tendência para se tornar polêmico, nos revela um Mika disposto a discutir temas considerados tabus sociais em contraste à um mesmo Mika vivendo na pele de um garoto de 11 anos alegre e feliz com o mundo que vive, explorando doces harmonias angelicais. Na primeira semana já alcançou as paradas de sucesso e rendeu ao cantor um lugar ao sol na música pop mundial.

Em Billy Brow conta a história do homem bem-casado que se apaixona por outro homem. Tais músicas assumidamente gays as vezes dá trabalho ao cantor que, optando por não declarar sua opção sexual, é constantemente pressionado (em entrevistas até) sobre se é gay ou não, afinal. Big Girls (You Are Beautiful) fala sobre as mulheres que sofrem discriminação muitas vezes pelo simples fato de entrarem no mercado de trabalho. Música inspirada em sua mãe, dizem. Mesmo assim o disco é dançante e alegre. Músicas grudendas, para ser mais exato. Grace Kelly, Lollipop, Love Today e Relax, Take it Easy são hits que caíram facilmente nas pistas de dança de todo o mundo. “O poder do Mika é inegável. Você gostando ou não, as melodias de suas exuberantes e coloridas canções pop grudam na sua cabeça”, gritou o jornal britânico The Independent.

Multicultural, Mika gosta de transitar por várias áreas da arte como o cinema, as artes plásticas, quadrinhos, ao mundo da moda e até os temas populares hollywoodianos. No final do ano passado lançou o segundo disco, The Boy Who Knew Too Much, numa clara referência ao filme The Man Who Knew Too Much (1934), do cineasta inglês Alfred Hitchcock. Na turnê promocional do disco, além de apresentações elogiadas no iTunes Festival 2009, The Roundhouse, em Camden, Londres e em Friday Night with Jonathan Ross, Mika promoveu uma festa surpresa em seu pub, em Londres, e anunciou o evento pelo Twitter. Gastou £ 25.000 em bebidas com todos os fãs que compareceram. Toda a festa era para comemorar o lançamento do disco.


Esse aí é Mahmoud Reda, dançarino Egípcio popular no Oriente Médio que possívelmente influenciou Mika

We Are The World – 1985 África / 2010 Haiti

O que mais gosto nas produções do Quincy Jones é a sua habilidade em captar os avanços e as mutações que a música vai formando com o passar dos anos. Não achei o video tão bom assim, mas a regravação tem grande importância histórica, assim como ocorreu em 1985.

Duetos #03: Elis & Tom

Tento imaginar o que deve ter passado pela cabeça de Elis Regina quando a gravadora Polygram (hoje Universal Music) decidiu lhe dar um presente de sua escolha para comemorar seus dez anos “de casa”. E também por nesse período ter se tornado a maior cantora popular brasileira. Mas de tudo o que ela pensou, somente um único nome ficou fixado em sua mente: Antonio Carlos Jobim. Para ser mais exato, essa história começa dez anos antes, quando Tom descartou Elis do musical “Pobre Menina Rica”, de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na boate Au Bom Gourmet, no Rio de Janeiro. Em tom irônico, o pianista disse que a cantora estava “cheirando a churrasco” e acabou optando por Nara Leão. Elis tinha tudo para ter incentivado um ódio arrebatador contra Jobim, mas não o fez. Pelo contrário, após esse episódio sua admiração pelo maestro se tornou indestrutível.

Porém, embora tenha sido a realização de um sonho antigo da cantora e juntos terem gravado um dos mais expressivos duetos brasileiros em “Águas de Março”, o clima durante as gravações não foi dos melhores. Gravado em 1974 em Los Angeles, Elis foi acompanhado do esposo, Cesar Camargo Mariano, que foi o responsável pelos arranjos do disco e por tocar piano elétrico. Tom não gostou da idéia de não ter sido arranjador do projeto e o grilo foi tanto que ele chegou a quase abandonar o barco antes de tudo começar – o que felizmente não aconteceu. Passado o mal estar, Elis foi com sua banda para o estúdio MGM e Jobim estava em grande momento na carreira, numa fase de grande sofisticação harmônica, com várias pesquisas sobre o DNA da cultura brasileira e afiadíssimo como letrista.

No disco, não somente regravações de clássicos, mas versões amadurecidas e gravadas com melhor qualidade, cada um em grande momento artístico e musical. Elis escreveu no encarte do disco: “Nos meus dez anos de gravadora, ganhei de presente um encontro com Tom. Foram momentos vividos por duas pessoas muito tensas, que só conseguem se descontrair através da música. Ficou a saudade de um passado recente, em que as cores eram outras e as pessoas mais felizes.”

Em 2004, a gravadora Trama – que pertence ao filho de Elis, João Marcelo – reeditou o disco. Chamou o próprio Cesar Camargo Mariano para encabeçar o projeto e a partir das masters originais de oito canais, lançaram um DVD-Áudio com mixagem em seis canais (5.1). Como bônus, ainda mostra alguns diálogos entre Tom e Elis e versões alternativas e fonogramas inéditos. Ao “naked” deste disco o colocou em evidência, dando à ele o tratamento que merece. Elis & Tom é de suma importância para a história da música nacional.


Carpatia

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