O Pink Floyd processou a EMI – sua gravadora há mais de quarenta anos – por ter colocado músicas individuais de sua discografia para download gratuito na internet. A justiça acatou a decisão e mandou a gravadora tirar do ar as faixas disponíveis, permitindo apenas o download de discos inteiros. Pode parecer estranho, mas já explico. A banda inglesa é hoje uma das referências do rock progressivo e Roger Waters, baixista, vocalista e letrista do grupo sempre teve uma fixação na cabeça: construir discos que tivessem músicas ligadas, com a mesma precisão harmônica, de timbres e sensação, como uma ópera ou um musical.
Ele elaborava um tema para o disco e todas as músicas eram de acordo com o tema e suas variações. Como exemplo, o The Wall (79), que aborda o muro que as pessoas colocam ao redor de si e com eles seus medos, traumas e etc. O disco inteiro tem essa temática, começa com o nascimento e a relação do personagem com a mãe, a infância, o casamento, as traições e finalmente o julgamento final. Tal teatralidade deu origem ao filme The Wall, que utiliza todos os recursos temáticos do filme. Para Waters, o disco é uma obra de arte completa, tirar um música é como tirar a orelha da Monalisa. De certa forma ele está certo.
Pois bem, alguns musicólogos dizem que no futuro não existirão discos completos. As pessoas (e a rapidez que elas viverão) vão querer apenas ouvir músicas separadas. Vai querer baixar um áudio isolado e pronto, parte para outro. Isso faz com que o mercado se adapte à essa talvez realidade. Em 2008 o Coldplay lançou o disco Viva La Vida or Death and All His Friends e no mesmo ano jogou no mercado o Ep Prospekt’s March, que funcionou como uma continuação do disco. O Radiohead fez a mesma forma, lançando músicas esporádicas pela internet. Aqui no Brasil, a banda Violins disponibilizou uma música por semana quando foi lançar o disco Grandes Infiéis, em 2005. Esses exemplos são indícios das mudanças que já ocorreram, mas ainda é muito cedo para falar que será definitivo. E você, acredita nessa mudança?