Archive for the 'Genealogia Musical' Category

#003: A força mutatória do Power Pop

O pop se resume a qualquer musica que atingiu grandes proporções, certo?

Embora seja de praxe um gênero ir se moldando com o passar dos anos para se manter na indústria do entretenimento, o Power Pop talvez seja o que conseguiu fazê-lo com maior eficiência. Surgido no início da década de 60, conseguiu se transformar e agüentar o Progressivo, o Hard Rock e o Punk de 70, as danceterias, os sintetizadores e o Metal farofa de 80 e ainda teve fôlego para aguentar aquele short colado dos anos 90 para finalmente # depois de quatro mutações # ser a célula principal do Indie e duvide quem quiser: a força motora de tudo o que está rolando por aí.

Em 60 o rock completava dez anos de existência e rapidamente havia se tornado popular através das rádios e dos programas na TV. Com isso o gênero passou a ser visto como nicho e não foi dificil perceber que esse novo “micro-mercado” já dava indícios de que precisava se reiventar para se tornar grande. As bandas inglesas dessa época (mais ou menos 1961/62) correram e desenvolveram diferentes tendências e técnicas para atingir as grandes vendagens dos seus discos, algumas se tornaram populares, outras nem tanto, mas nessa época surgiram três modos de se fazer música popular (porque não pop?)

Pete Townshend diz “Power Pop é o que tocamos” em 1967

A primeira era baseada em melodias dançantes e com riffs marcantes, bandas como The Who e toda a galera que era especialmente influenciada pela cultura Mod abraçaram essa pequena vertente que tinha a fama de obter a crueza pop # um flerte com o acid rock, que era o que vendia na época #. A segunda – e não menos popular – foi a de músicas que tinham em sua estrutura com mais riffs executados pela guitarra do que leads, mais acordes do que melodias. Bandas como The Monkees e os discos Rubber Soul (65) e Revolver (66) – dos Beatles – foram os principais representantes desse tipo de música pop. A terceira de que se tem notícia foi o que posteriormente foi chamado de “jangle guitar“, uma técnica baseada no som limpo e no uso de acorde abertos – claro, nem pensar em usar pestanas – e as palhetadas em sua maioria deviam ser tocadas lentamente. Embora muitas bandas tenham adotado essa técnica, The Byrds é considerada a precursora. Todas esses três caminhos que o Pop se direcionava tinham semelhanças em comum, sempre eram apresentadas com fortes melodias, grande numeros de harmonias vocais, acordes econômicos e o mínimo possível de Instrumentais solos. A junção desses fatores e das três sub-vertentes fez com que o guitarrista do The Who, Pete Townshend – numa entrevista cedida em 1964 – intitulasse a “onda” como Power Pop, que usou o termo “simplesmente” para definir uma contagiante progressão de acordes melódicos e poderosos de uma de suas canções.

Por estar em constante mutação o Power Pop demorou toda a década de sessenta para definir seu alicerce e criar consistência, por causa desses dois fatores o gênero se tornaria um fenômeno no início de 70. A postura neutra e de fácil acesso mercadológico fez com que o modo power de tocar o Pop fosse direto para a América, que encontrou e se misturou com os ritmos da moda por lá ocmo o Acid rock e o Hippie. Mas o gênero pegou os EUA não por causa do sua fórmula pop de fácil acesso, mas sim pelo fato de que qualquer país do mundo estava se preparando para a segunda invasão britânica depois de bandas como The Beatles, Elvis Presley, Yarbirds, Rolling Stones, The Animals, The Kinks, The Dave Clark Five, Gerry & The Pacemakers, porém, para surpresa de todos, essa segunda invasão britânica só aconteceria 30 anos depois com o Brit-Pop. O resultado dessa ida aos EUA foi o aparecimento de bandas como Raspberries e Stories, as primeiras bandas americanas do gênero a explodir no seu páis, mas que foram fortemente influenciadas por bandas britâncias como Boo Radleys e The Moody Blues. Nessa época a banda que atingiria as maiores proporções era a Badfinger, banda galesa que na época assinou com a Apple (diz a lenda que a pedido dos Beatles) e começou a circular o mundo, meses depois o business americano tinha que entrar na briga e logo providenciaram o aparecimento de bandas como Blue Ash, de Ohio, e o Big Star, do vocalista e guitarrista Alex Chilton, que recriou o uso de suas guitarras em texturas chamadas “ultrapessoais com melodias dignas dos melhores momentos de Lennon e McCartney”, dizia a crítica

Alex Chilton, primeiro da direita para a esquerda, a frente da britânica Big Star

No final de 70 o Power Pop tinha ganhado mais dinamismo com a criação de melodias com mais eletricidade e mesmo comumente sendo confundido como um Revival do Mod ou até mesmo com o Glam, seguia conquistando um número cada vez maior da fatia do mercado já disputando com o Heavy Metal e o Progressivo, quando todo mundo foi pego de surpresa: o nascimento do Punk (eu adoro fazer esses dramas). Mas se engana quem acha que ele tenha se desvairado para os cabelos moicanos cor-de-rosa, ao invés, correu para uma outra onda que já tinha um pequeno espaço no início de 80: A new Wave.

No final de 70 o mundo conheceu sua “Nova Onda” – e tudo mudou

Esse escoamento para a New Wave se deu pelo fato do Power Pop ser embrionariamente ligado ao Glam Rock – outro sub-gênero que se juntou a “Nova Onda” – e que aplicou a estética do figurino e a concepção visual do palco à esse novo gênero, que ainda correu boa parte do mundo e se expandiu criando outros sub-gêneros nas décadas seguintes. O Pós-Punk também se atrelou e bandas como Cheap Trick, The Knack, The Romantics, 20/20 e Elvis Costello & The Attractions foram as principais representantes. Mas o início da terceira mutação do gênero deu-se com a aparecimento de uma banda novaiorquina chamada Blondie, que juntou os sub-gêneros New Wave/Power Pop/Punk e representou toda a mudança que o rock estava sofrendo na época após a chegada dos sintetizadores. Desse momento a coisa só ía mudar de rumo novamente com o advento do Rock Alternativo poucos anos mais tarde e com as grandes produções de 90.

A partir da explosão do Rock Alternativo (nos anos 90 também chamado de Pós-Grunge) surgiram bandas que misturaram o Power Pop com essa nova estética musical, essas novas vertentes se chocaram e serviu como lado antagônico ao tamanho dos investimentos que as gravadoras injetavam em bandas como Queen, Guns and Roses e Nirvana, que acabou colocando bandas que apostavam no conceito Power Pop numa posição modesta no mercado. Em meados da década de 90 e indo até os anos 00, o gênero partiu para o underground midiático e uma série de gravadoras independentes como a Not Lame Recordings, Kool Kat Música e Jam Recordings – especializada no gênero – foram criando um novo campo para o sub-gênero até que em 94 a banda Weezer lança o Álbum Azul e é comercialmente bem sucedida e, mesmo emplacando apenas o hit “Buddy Holly” (veja o video), abriu espaço para outros grupos do mesmo segmento como The Cardigans, Pavement, Blur, Placebo e Wannadies, que receberam críticas positivas dos grandes veículos, dando assim vasão mainstrean para o pop que circulava o underground. O resultado foi o nascimento oficial do termo indie.

“Buddy Holly”, do Weezer – abriu uma parte do mercado para bandas alternativas

Mesmo que ao longo de todo esse tempo o gênero tenha sido soterrado por outras tendências, o Power Pop sempre ressurgiu com força total em uma nova onda e tomava de assalto uma parcela do mercado. Para se ter uma idéia, ao redor do mundo existem uma série de publicações especializadas como as americanas Yellow Pills e Audities, que além de estarem ligadas no surgimento de novas bandas, sempre revive os momentos cruciais do gênero ao longo da história do rock, relembrando momentos lendários e entrevistando bandas que pertenceram a época.

Fountains of Wayne – de 1995 – figura entre as principais do gênero nos EUA

Dentre as principais bandas atuais os destaques são Gigolo Aunts, Material Issue, Greenberry Woods, Vandalias e The Blow Pops, Bill Lloyd, Chris Von Sneidern, Brian Leach, Jim Basnight e A Man Called E.

Aqui em nosso país bandas como Pato Fu, Kid Abelha, Os Brasas e Paralamas do Sucesso garantem a cota brasileira juntos dessas outras bandas, porém, mesmo longe do mercado mundial, foram esses grupos que desenvolveram o gênero aqui no Brasil. Junto deles ainda podemos citar bandas como Replicantes, Pipodélica e Ludov.

Linha do Tempo:

Como reaparecer na mídia? (para bandas antigas)

Live 8 – o que foi preciso para chegar até aqui?

O título poderia ser mais sugestivo: Como aumentar as vendas em até 3.600% de uma banda que acabou a mais de 20 anos usando apenas estratégias de marketing eficientes? Parece estranho mas esse mesmo esquema criado por executivos logo ali atrás na década de noventa já foi adotado por bandas como The Police, Led Zeppelin, The Who, mas para entender como ele funciona vamos nos resumir a somente  uma banda, o Pink Floyd. O quarteto de Cambridge (UK) acabou 1984 depois de dois anos de uma intensa briga judicial que decidiria quem ficaria com o nome do grupo e depois da trêta # que deixou todo mundo liso por causas dos honorários dos advogados # nada de grande aconteceu com os integrantes, cada um lançava um disquinho aqui e ali sem nenhuma originalidade e que não chegava na lista dos mais vendidos nem na Tailândia (porque Tailândia?). Com a moral lá em baixo e a grana caindo por causa das baixas vendagens o jeito foi elaborar um plano de marketing que fizesse a banda voltar à grande mídia e conseqüentemente para boca-do-povo. Feito isso a coisa começou a mudar # a partir de 2000 – que é onde a nossa viagem começa.

disco inédito lançado em 2000 e gravado em 1980 – ao vivo

No final de março de 2000 a gravadora EMI lembrou que tinha uns fonogramas velhos da turnê do The Wall em 1980/81, deram um tapa no material e intitularam Is There Anybody out There?: The Wall Live 1980-1981, lançaram e rapidamente o disco alcançou o 19º lugar nos E.U.A (quem comprou a idéia na América foi a outra gravadora da banda, Columbia) e dois meses depois já atinge 1 milhão de cópias vendidas, o ex-vocalista e baixista Roger Waters aproveita o embalo e lança o In The Flesh – um álbum ao vivo com regravações do Pink Floyd – o disco é ruim mas fez com que ele programasse uma turnê mundial com o show do disco que acabou rendendo uma grana, mas que no final não deu em muita coisa (só pro bolso dos executivos) pelo menos colocou Waters na mídia novamente.

documentário sobre a vida de Barret, produzido pela BBC. Dias depois Syd se pronuncia “gostei do filme que vi na TV sobre mim”

Em 2001 um esquema que rolou muita grana fez com que a BBC lançasse o documentário “Syd Barrett: Crazy Diamond” e o mundo todo de repente tava se perguntando: Por onde anda Syd Barret? Ninguém tocava mais no nome do ex-vocalista e guitarrista fazia 30 anos, desde Wish You Were Here lançado em 1975. Então – Pra aproveitar o embalo – os executivos tinham que inventar mais alguma coisa pra manter o nome do Pink Floyd por cima, foi então que eles decidiram fazer o mais fácil e o mais óbvio: lançar uma coletânea oficial: Echoes chegou nas lojas do mundo dia 5 de novembro e rapidamente chegou na 2º posição nos EUA e Inglaterra. Mesmo sendo só uma compilação meio/mal/feita muita gente quis adquirir o seu. EM 2002 Roger Waters e David Gilmours lançam trabalhos solos, o do guitarrista é mais bem sucedido.

O ano de 2003 teria naturalmente outro gosto, são comemorados os 30 anos de lançamento do The Dark Side of The Moon, o disco obra prima da banda. Tudo o que os executivos puderam fazer foi um documentário sobre a gravação e curiosidades do disco e um relançamento em Super-Áudio CD (SACD), com novo encarte e capa – vendeu mais que água. No mesmo ano é lançado Live in Pompeii: A Versão do Diretor, o documentário de 1971 é relançado com novas imagens e o uma nova pincelada no making-of das gravações do Dark Side – todo mundo tava eufórico com o disco novamente. Quase no final do ano as manchetes de jornais tiveram uma surpresa: Gilmour, Mason e Wright tocam juntos duas do Pink Floyd (incluíndo The Gig Grea in The Sky, música do Dark Side) no funeral do produtor Steve O’Rourke, em sua homenagem. A partir desse ponto começam os rumores de uma possível volta do grupo # após 24 anos. Em 2004 Nick Mason aceita os conselhos da gravadora e lança a biografia completa da banda Inside Out – A personal history of Pink Floyd, e corre o mundo promovendo o lançamento, em uma das entrevista ele diz: “preferiria rodar o mundo tocando com o Pink Floyd, não com o livro” e os rumores aumentam.

Nick Mason em foto de divulgação do lançamento do livro Inside Out, sobre a banda

Já em 2005 # enquanto Waters trabalha duro na construção de sua ópera Ça Ira # Bob Geldolf (o mesmo que criou o Live Aid em 1985) lança a campanha Live 8, que juntaria oito cidades simultâneas com os principais artistas do mundo protestando contra o G-8. A sua meta é de – no último show – juntar o Pink Floyd em sua formação original dando vasão a todas as especulações feita pela mídia do mundo# inclusive na já citada Tailândia. Finalmente, depois de muito boato, dia 02 de Julho a banda se apresenta com a formação original no Hyde Park, em Londres, tocando quatro músicas, Waters fala que está muito feliz em “tocar com esses caras” e relembra Syd Barret (jogada?). As manchetes dos jornais diziam: “Segundo especialistas volta do Pink Floyd é a mais importante da música de todos os tempos” de repente todo mundo estava feliz, menos os headbangers claro. De acordo com o site Amazon.com o disco The Wall (1979) constatou um aumento de vendas de 3600%, Wish You Were Here (1975) em 2000%, The Dark Side of the Moon (1973) em 1400% e Animals (1977) em quase 1000%. E na semana seguinte todo mundo acreditava que definitivamente essa era a volta de umas das [agora] “mais importantes bandas de rock do planeta”. Antes do ano acabar Waters lança a sua ópera Ça Ira e em seguida, em 16 de Novembro, o Pink Floyd foi indicado para o Hall da Fama da Música do Reino Unido por Pete Townshend (The Who), a banda já havia sido indicado nos Estados Unidos em 1996 Por Billy Corgan (Smashing Pumpkins).

Em cinco anos e através de um grande plano de re-construção da marca e um pouco de sorte o Pink Floyd voltava a ser uma das bandas mais comentadas e procuradas do ShowBizz – e olha que a banda nem existia mais.

Em 2006 o que qualquer um dos remanescentes fizesse seria recebido muito bem pela crítica e Gilmour saiu na frente lançando, em 6 de Março, o ótimo On an Island e começou uma turnê de pequenos shows na Europa, Canadá e EUA, estava junto com a banda o tecladista Richard Wright e, durante muitas vezes para o Bis, o baterista Nick Mason. Dois meses depois Mason se juntou a Waters num show em Cork, na Irlanda, onde tocaram o Dark Side of the Moon na íntegra. Nesses tempos o baterista se torna o mediador entre os integrantes, os rumores só aumentavam e uma semana depois todo mundo é pego de surpresa: Dia 07 de Julho morre Syd Barret por complicações do diabetes. Gilmour inclui o single Arnold Layne (de autoria de Barret) na sua turnê e Waters embarca em sua nova turnê mundial: “The Dark Side of the Moon Live Tour”, caindo principalmente para países de terceiro mundo – no repertório musicas selecionadas do Pink Floyd e o Dark Side na íntegra, nos tempos livres ainda compôs uma música para a trilha de A Chave do Universo, filme lançado em 2007.

Para 2007 e pós morte de Barret já tinham programado duas coisas: Um Filme e uma nova coletânea. Gilmour lançou o filme Remember That Night (vide capa acima) e, mesmo não tendo quase que importância nenhuma na música, foi muito bem noticiado. A EMI não fez por baixo e inventou “o aniversário de 40 anos que o Pink FLoyd assinou com a gravadora” isso existe? Existe e lançou os três primeiros singles “Arnold Layne”, “Apples and Oranges” e “See Emily Play” além de uma edição limitadíssima com as mixagens estéreo e mono do primeiro disco The Piper at the Gates of Dawn incluindo gravações raras. Por mais absurdo que esse projeto possa parecer acabou dando muito certo e todo mundo comentou e comprou o relançamento.

David Bowie e David Gilmour tocam Arnold Lanne em tributo a Syd Barret

Em maio ainda foi programado um tributo a Syd Barrett no Centro Barbican, em Londres. Todos os Floyds se apresentaram, embora Water tenha tocado sozinho. E conforme prometido a coletânea saiu em dezembro, intitulada, Oh, By the Way, um box contendo todos os 14 álbuns de estúdio com suas respectivas atuais remasterizações e os encartes originais de vinil. Imagine o quanto o ano fechou lucrativo pra todo mundo?

Roger Waters no ensaio geral da Ça Ira, em Manaus

Nesse ano em abril a ópera “Ça Ira” de Waters foi executada no Brasil, durante o 12º Festival de Ópera de Manaus e em maio a banda recebeu o prêmio Polar em Estocolmo, Suécia. Em nota, os técnicos afirmaram que o prêmio foi dado a banda pela sua importância na evolução da música popular, por uni-la à arte, em sua proposta experimental, e por seu sucesso “capturar e formar reflexões e atitudes para toda uma geração, inspirando e marcando o caminho para o desenvolvimento do rock progressivo no mundo”.

David Gilmour toca em homenagem a Richard Wright oito dias após sua morte

Dia 15 de Setembro morre de câncer Richard Wright e já se especula um tribuito ao tecladista, que com certeza vai levar muita grana pra todo mundo e aumentar as vendas dessa que se tornou # de 2000 pra cá # a maior banda de rock progressivo da história. Uma vez David Gilmor disse que o Pink Floyd já a muito tempo deixou de ser uma banda para se tornar uma empresa, com metas e lucros a serem atingidos. Parece que essa empresa investiu bem em marketing nesse novo milênio, e agora o que vêm por aí?

#002: Quando foi o tempo do Glam Rock?

Os anos 60 foi – sobretudo – uma década potencializada pela explosão do fator artístico da música, do palco, do figurino, da marca e principalmente da sua relação com o público – agora mais alvoroçado depois do surto da beatlemania (1964).

T.Rex em show

Imagine o que foi preciso para nascer o Glam Rock: na Europa a sub-cultura do Mod (embora tenha-se criado uma discussão contraditória e ferrenha sobre a ligação entre os movimentos, o Mod tem sim relação com o glam de 70’) vivia quase o auge e nos EUA o movimento “anti-guerra” Flower Power era quase unanimidade, a cena musical que juntava esses dois países estava dividida entre o progressivo (inclua acid rock, psicodélico, experimental e o rock sinfônico) e o hippie (adicione o surf, power pop, folk e toda e qualquer balada com dois violões e uma voz por cima das cordas), dois gêneros que sustentavam o mercado e tinham os principais artistas da atualidade a nível de mundo.

Rente a tudo isso a Inglaterra saiu na frete e inconformados com a simplicidade riponga da América e a complexidade do progressivo de casa, um grupo de artistas (precisamente em 1969) começou a explorar elementos cênicos do palco e – sob a influência da música psicodélica – juntaram luzes, efeitos especiais ao vivo e um figurino exageradamente elegante com plataformas, maquiagem, unhas postiças e a androgenia – o tempero do glam e o conceito primário a ser explorado para qualquer bandas iniciante na época. Daí já estava tudo pronto para o Glam tomar a década de 70 de assalto, porém, mesmo com discos com essa temática alcançando importantes posições nas listas de mais vendidos e com o aclamado e pioneiro Ziggy Stardust # engenhoca de David Bowie # o Glam só ganhou gosto popular e conseqüentemente o Mainstrean em 1971, com a música “Ride a White Swan” do T.Rex, que atingiu as rádios e abriu o mercado para bandas do segmento que permeavam o under metropolitano londrino.

O auter-ego de Bowie: o espacial Ziggy Stardust

Atingindo o país inteiro pelo rádio, a nova onda imediatamente chamou a atenção das gravadoras e o mercado da Grã Betanha passa a considerar a purpurina no palco como a nova tendência para a década que estava começando, porém, mesmo com todo o investimento o Glam foi pego de surpresa pela sua própria vertente, que surgiria logo depois da explosão do gênero: Quando o glam já estava no nível de fechar casas de shows lotadas foi a hora de levantar uma galera que queria continuar com o progressivo de qualquer jeito, mas também gostava do conceito e estética do glam, então o jeito foi juntar novamente os dois – misturar – e adicionar uma coisinha a mais, no caso, o peso e a guitarra ainda mais e mais distorcida – por isso e em função dessa trêta toda – no começo da década de 70 o mundo conheceu o Heavy Metal e o Hard Rock, daí não teve mais jeito.

Claro que o Glam não morreu no meio de setenta e permace até hoje através de inumeras vertentes e releituras e sobrevive até hoje porque assim que deixou de ser Hype no seu país de origem, correu para os países de terceiro mundo e lá se solidificou. Temos um grande exemplo aqui no Brasil com a banda Secos & Molhados, que mesmo tendo nascido em 1971 partiu para o progressivo/glam por volta de 1973 e daí se tornou com é conhecido atualmente.

No Brasil a coisa tomou forma com Edy Star e Secos e Molhados (foto)

Nas duas décadas seguintes a coisa foi tomando outras formas e porque não podemos considerar o punk # que já chegou logo depois no final de 70 # como uma elovução do Glam? E toda aquela loucura do kiss com plataformas e máscaras pitandas no rosto, os modelos de butique do New Yoks Dolls, o Tecno-Pop do Roxy Music, o Brit-Pop do Suede, a exuberância de Freddie Mercury no Queen e o deboche do The Darkness, tudo isso não seriam outras vertentes somados a influências da época?

A América entra na dança: As botinadas do The New York Dolls

Linha do Tempo:

# Veja um documantério inglês sobre o Glam Rock feito por alunos da Glascow Metropolitan College com entrevistas exclusivas com grandes nomes do Glam de 70 – Divirta-se.

PARTE I

PARTE II

#001: Falando sobre o Acid Rock


Antes mesmo da moda hippie se alastrar pelos E.U.A e suas variações correrem o mundo, a juventude – ainda procurando algo para se esquecer do pós-guerra – viu na música (afinal estamos no início da década de 60 e o rock já era popular aos 10 anos de existência) a válvula de escape para desconstruir uma sociedade agora fracassada, decidiu usar os variados tipos, efeitos, formas e qualidade das drogas que apareciam no mercado. Para acompanhar essa “tendência” os músicos da época começaram a compor discos a base de lisérgicos, assim nascia o Acid Rock: que se definia com fortes harmonias vocais, longos solos de guitarra, grandes espaços para improvisação instrumental e uma preocupação exagerada com a iluminação no palco – sendo essa a primeira vez que bandas começam a compor um espetáculo musical através dos elementos que o local da apresentação pudesse oferecer. Em 1965 – já na Inglaterra – o Pink Floyd – com menos de um ano de existência era duramente criticado pela imprensa especializada por colocar em seus shows telões com imagens sincrônicas aos das músicas executadas, pra ter um exemplo.


Beach Boys em 1970@Paris.

Mesmo rapidamente atingindo uma série de adeptos o Acid Rock ainda era medianamente divulgado pela mídia – tanto tradicional quanto especializada – que começava a enxergar esse emergente sub-gênero com bons olhos. Essa tendência correu para a Europa (principalmente e em grande maioria em Londres) e bandas que compunham sob o efeito alucinógeno das drogas começaram a aparecer mais ou menos em 1962. A fama da nova onda era cada vez mais constante e clubes loucos por esse novo tipo de som abriram suas portas para grupos como Ten Years After, Cream e The Who, que levavam uma platéia de médio porte pronta para o delírio de musicas com ambientalizações sonoras dificílimas e com quase 20 minutos de duração. O Apogeu chegou quando os Beatles – já uma das grandes bandas do mundo – gravou o Ruber Soul (65) e logo em seguida o Revolver (66), discos considerados um marco do acid rock e que tirou o gênero do undergroud para viver sua intensidade até o final de 70. Embora os Beatles (62) e Beach Boys (61) tenham sido os grandes protagonistas nessa “briga” entre os dois países, algo mudou depois que The Doors (67) apareceu e quase que instantaneamente o acid ganhou status. Quem não se viu a vontade nesse status que o Acid atingira migrou para outros sub-gêneros criados a base de seus elementos como o psicodelismo (Grateful Dead), progressivo (The Byrds) e o space rock (Pink Floyd).

Na década de 70 em diante tentaram continuar a nomenclatura do gênero, porém, com o aparecimento de bandas com a mesma temática, mas com outros elementos e influências mais pesdas como o Led Zeppelin (68), Gentle Giant (70) e Yes (68), o termo Acid Rock caiu em desuso e novamente serviu de base para a criação de novos gêneros como o Hard Rock e o Heavy Metal

Linha do Tempo 0001:


Carpatia

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